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73% dos usuários reprovam transporte coletivo na Capital

Publicada em: 07/04/2025 09:05 - NOTICIAS

Transporte coletivo de Cuiabá é reprovado por 73% dos usuários, aponta pesquisa divulgada pela Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsece realizada pela Ícone Consultoria em Turismo. Para 37%, o serviço é regular. Outros 22% afirmaram que é péssimo e 14% ruim. Apenas 26% aprovaram o transporte (20% consideraram bom e 6% ótimo). Outros 2% não souberam ou não opinaram. Nas ruas da Capital, as reclamações são das mais diversas, como atrasos de até uma hora ou mais, poucos veículos circulando, superlotação, ônibus velhos ou com falta de manutenção e cheios de problemas, além dos pontos de parada que não protegem do sol ou da chuva e estão tomados pelo matagal.

Apesar da maioria dos usuários afirmar que a parada do ônibus é perto de casa (51% gastam até 5 minutos para o deslocamento), o tempo de espera já é diferente: 58% esperam entre 16 minutos e mais de uma hora pelo coletivo (33% acima de meia hora). Cinquenta e quatro por cento dos entrevistas afirmaram que os ônibus não são pontuais e 60,49% afirmam que não confiam nos horários programados.

 

Sobre os pontos de parada, 18% classificam como péssimos, 12% como ruins e 24% como regulares, ou seja, com 54% de reprovação. Apenas 2% consideram ótimos e 25% bons (18% não souberam ou não opinaram).

 

A limpeza e conforto dos ônibus também não agrada a maioria: 13% afirmaram que são péssimos, 10% ruins e 28% regulares. Apenas 3% classificaram como ótimo e 27% como bons. Os outros 19% não opinaram.

 

Outra situação identificada na pesquisa é quanto aos problemas mecânicos, sendo que 52% já identificaram tal situação (41% poucas vezes, 6% muitas vezes e 5% sempre). De acordo com 25% dos ouvidos, nunca houve problema mecânico e 23% não opinaram.

 

A pesquisa foi realizada entre os dias 13 e 28 de novembro do ano passado. Foram ouvidos 1.500 usuários com mais de 16 anos e a margem de erro é de 3%, com 95% de confiabilidade.

 

Realidade

Na avenida Contorno Leste, por exemplo, há pontos de ônibus onde o usuário do transporte coletivo precisa, literalmente, sentar em meio ao matagal. Hermelina das Dores Silva Lima, 73, e o marido Gerson Lima, 69, pegam ônibus na região todos os dias e a espera pode chegar a duas horas. Eles explicam que somente uma linha atende a região e o horário previsto é de que o veículo passe a cada uma hora na avenida, com destino ao Osmar Cabral ou ao setor 3 do CPA, para que dessa forma possam pegar outro veículo e acessar outras áreas da cidade. O problema é que os ônibus costumam atrasar até uma hora, fora que ao chegar aos outros dois pontos, também têm atraso nas demais linhas.

 

A idosa ressalta ser perceptível que os ônibus da região são velhos e os que têm ar-condicionado ficam vazando água, molhando os bancos e impedindo que as pessoas possam se sentar. É um quebra galho, infelizmente os ônibus são assim, desabafa.

 

O casal de idosos relata que cadeirantes na região precisam de colaboração de terceiros para acessar o ponto de ônibus devido à falta de rampas e que a calçada, além da própria parada, está tomada pelo mato. O trecho também está sem iluminação. A gente se sente humilhado. Deveriam ter um pouco de consideração com as pessoas que precisam, que dependem do ônibus.

 

Atrasos na linha e no trabalho

A pesquisa ainda indica que 64% dos usuários do transporte coletivo o utilizam para o trabalho e 64% da população afirma que os ônibus não são pontuais. Com essa situação, para conseguir chegar no horário ao serviço, os trabalhadores madrugam nas ruas ou chegam tarde da noite em casa.

 

Gisele Rodrigues Santiago, 47, vai todos os dias trabalhar no centro de Cuiabá e diz que na hora de ir embora o ônibus pode atrasar até 1h30 além do horário programado. Ela também relata que, além da falta de pontualidade, os veículos estão sempre quebrando ou com o ar-condicionado estragado. Eu acho isso humilhante para a gente que é cidadão. Pagamos nossas contas e temos que passar por isso. E nunca muda, entra ano, sai ano e é sempre a mesma coisa.

 

Na região do CPA 3 a situação também gera revolta. Nerci Gonçalino Costa Pinho, 60, conta que o terminal faz falta. Quando chove, o atual ponto final alaga e molha todos por ali. Além disso, há várias paradas ao longo da rua, mas não há uma ordem definida e os motoristas param onde bem entendem. Com isso, é preciso correr para alcançar o veículo.

 

Ela também trabalha aos finais de semana e a frota diminui. Com isso, não pode perder o ônibus que passa às 7h, caso contrário ela deve sentar e esperar por horas. A gente se sente desvalorizado.

 

Não param para escutar

Pedro Aquino, presidente da Associação dos Usuários de transporte Público de Mato Grosso (Assut), declara que o transporte coletivo de Cuiabá está muito aquém do que o usuário merece e necessita. Explica que tem enfrentado dificuldades para marcar reuniões com representantes do Poder Público para discutir e definir as melhores estratégias à prestação de serviços. Eles falam que querem resolver, mas não param para escutar os usuários. Depois que começarem a ouvir, o transporte vai melhorar.

 

Ele explica que, apesar disso, a Secretaria de Mobilidade Urbana de Cuiabá (Semobrecebe as denúncias e reclamações encaminhadas pela Assut e toma medidas paliativas, como substituir um ônibus quebrado, mas as melhorias eficazes não vem deles.

 

O presidente afirma que a associação está produzindo uma pesquisa sobre o transporte coletivo e que as reclamações ultrapassam questões de superlotação e falta de conforto, incluindo assédio e importunação sexual.

 

Caos no trânsito

A Associação Matogrossense dos Transportadores Urbanos (MTUafirmou, por meio de nota, que atualmente 340 ônibus circulam diariamente em Cuiabá, transportando cerca de 180 mil passageiros por dia. Nos últimos cinco anos, aproximadamente 250 ônibus zero quilômetros foram adquiridos, e a frota tem idade média de 4,43 anos, com quase 100% dos veículos com ar-condicionado.

 

Destaca que os aplicativos Meu Ônibus MTU e Cittamobi permitem ao usuário acompanhar o ônibus em tempo real, verificar horários e rotas, e se programar melhor. No entanto, apenas 29% dos passageiros utilizam os aplicativos.

 

Afirma que a MTU tem um moderno Centro de Controle Operacional (CCOe, a partir dele, técnicos monitoram via GPS todas as linhas, identificando possíveis falhas mecânicas, velocidade das vias e eventuais atrasos.

 

Entretanto, é importante destacar que grande parte dos atrasos não decorre apenas da operação dos ônibus, mas sim da falta de infraestrutura nas vias públicas. Obras inacabadas do antigo VLT e as intervenções atuais para implantação do BRT têm causado engarrafamentos constantes, especialmente em horário de pico. Das 98 linhas existentes, 73 passam pela região central, que é diretamente afetada por essas obras, afirma a nota.

 

Além disso, destaca que os ônibus enfrentam problemas estruturais graves devido buracos, asfalto danificado, lombadas irregulares e trechos sem pavimentação, especialmente em bairros periféricos, que comprometem a suspensão dos veículos, aumentam os riscos de rasgos e furos nos pneus, e prejudicam a fluidez.

 

Enfatiza que a falta de faixas exclusivas também impacta diretamente na agilidade. Onde elas existem, os ônibus atingem média de 17,62 km/h, enquanto nas demais vias a média é de 16,09 km/h.

 

Reportagem Juliana Alves

Fonte: https://www.gazetadigital.com.br/editorias/cidades/73-dos-usuarios-reprovam-transporte-coletivo-na-capital/804623

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